Ontem, Serra voltou a cobrar da adversária Dilma Rousseff (PT) explicações sobre o vazamento de dados fiscais de quatro pessoas ligadas ao tucano. “Dilma tem de dar explicações ao Brasil do que aconteceu, porque foi feito e quem são os responsáveis.” Serra classificou a atitude que atribui aos adversários como uma “modalidade criminosa” de campanha.
“Não é a primeira vez que eu sofro deste tipo de baixaria. Vocês lembram o dossiê dos ‘aloprados’, comandado pelo atual candidato do PT ao governo de São Paulo (Aloizio Mercadante). Agora tem mais essa. Há uma permanente guerra de baixaria”, afirmou o tucano, em entrevista concedida após palestra para 150 diretores e presidentes de empresas associadas à Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e equipamentos (Abimaq), na capital paulista.
Investigação interna da Receita Federal revelou que acessos suspeitos aos sigilos fiscais de adversários do PT foram além do manuseio dos dados do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge. Os documentos mostram que, no mesmo dia, de um mesmo computador e em sequência, servidores do Fisco abriram os dados sigilosos de Eduardo Jorge e de mais três pessoas ligadas ao alto comando do PSDB. As violações ocorreram em 16 minutos.
O computador também foi usado para abrir e imprimir a declaração de renda da apresentadora Ana Maria Braga, da Rede Globo. Os dados de Ana Maria foram acessados às 11h15 do dia 16 de novembro do ano passado no computador da servidora Adeildda Ferreira Leão dos Santos, na delegacia da Receita Federal em Mauá (SP).
PT vai entrar na Justiça contra candidato do PSDB
O comando da campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência vai entrar com duas ações na Justiça contra o adversário tucano José Serra, sob a alegação de que ele cometeu injúria e difamação ao vincular a petista à quebra de sigilo fiscal de mais três pessoas ligadas ao PSDB. Além disso, o PT pedirá à Polícia Federal que apure como o vazamento dos dados foi parar na imprensa.
A 38 dias da eleição, a guerra de dossiês é o único ingrediente picante da campanha presidencial, que até agora transcorre sem grandes embates. Ao anunciar ontem os processos contra Serra, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, disse que tanto o principal adversário de Dilma quanto o PSDB têm “indignação seletiva” e constroem “factoides”.
“Essa indignação externada pelo PSDB é seletiva, uma vez que episódios semelhantes e em datas muito próximas ocorreram, no ano passado, contra filiados ao PT e instituições da República”, acusou Dutra. “Nossos adversários mostram carência de projetos e ficam agora tentando construir factoides e armações.”
Coordenador da campanha de Dilma, Dutra fazia referência à violação do sigilo fiscal da Petrobrás e ao vazamento da declaração do Imposto de Renda de diretores da estatal, em meados do ano passado. A lista incluía o então diretor de Exploração e Produção da Petrobrás, Guilherme Estrella, filiado ao PT. “À época, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) foi à tribuna apresentar esses dados como motivo para turbinar a CPI da Petrobrás”, afirmou Dutra. “Se fôssemos irresponsáveis, como têm sido o PSDB e o seu candidato, afirmaríamos que todos aqueles vazamentos foram construídos de comum acordo com o PSDB para criar a CPI.”
Serra não apenas responsabilizou Dilma pelo vazamento de dados fiscais de tucanos como disse que “o pessoal do PT faz coisas gravíssimas e afronta a Constituição”. Além de revirar o Imposto de Renda do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas, em 8 de outubro de 2009, a Receita Federal vasculhou informações sobre Luiz Carlos Mendonça de Barros, Ricardo Sérgio de Oliveira e Gregório Marin Preciado.
Todos os dados foram acessados de um mesmo computador da Delegacia da Receita Federal de Mauá (SP). Questionado sobre argumento do PSDB de que, além de tudo, a cidade é administrada pelo PT, Dutra disse não aceitar ilações. “Você acha isso estranho só porque Mauá fica no ABC paulista? Ora, convenhamos! Mauá também fica em São Paulo”, devolveu ele, ao lembrar que o Estado é governado pelo PSDB há 16 anos.
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